Lista de `coisas para fazer` de Da Vinci mostra que ele tinha muitas coisas na cabeça

O pintor Leonardo da Vinci é uma das figuras históricas mais importantes do mundo das artes. Pouca gente sabe, mas além de ser o responsável por pinturas como A última ceia e Monalisa, ele também se destacou como cientista, matemático, engenheiro, arquiteto, poeta e músico.

Tudo isso entre os anos 1452 e 1519, enquanto viveu. Da Vinci era filho de uma camponesa e viveu nas cidades de Milão, Veneza, Roma e Bolonha. Segundo alguns historiadores da arte, ele é o artista mais importante do Alto Renascimento.

Esse artista era cheio de peculiaridades que, juntas, faziam com que ele fosse esse gênio. E algumas manias que ele tinha podem ser comuns a várias pessoas. Como por exemplo o hábito de fazer listas.

Fazer uma lista pode ajudar a organiza o dia-a-dia, fazer com que consigamos traçar metas e servir como um roteiro para as ideias e desejos. E mesmo nessa era tão tecnológica que vivemos, as listas feitas em papel e cadernos ainda existem e, surpreendentemente, parecem ser moda.

E claro que um gênio como Da Vinci levaria fazer listas para um outro nível. O pintor era conhecido por sempre levar consigo um caderno para todos os lugares que ia. E esse cadernos são uma janela para os pensamentos do artista.

Ele criou 13 mil páginas de anotações para conseguir expressar sua criatividade como pintor, inventor, engenheiro e cientista. Para que todos soubessem o que era uma lista de tarefas para Da Vinci, Robert Krulwich, da NPR, traduziu uma dessas listas.

Lista

A lista traduzida é do começo da década de 1490 e nela podemos ver que a cabeça de Da Vinci sempre estava cheia das mais variadas coisas. A lista traduzida tem entre parênteses as alterações que Krulwich fez.

[Calcular] a medição de Milão e subúrbios;

[Encontrar] um livro que trata de Milão e suas igrejas, que deve ser encontrado na papelaria no caminho para Cordusio;

[Descubrir] a medida de Corte Vecchio (o pátio do palácio do duque);

[Descubrir] a medida do castello (o próprio palácio do duque);

Pedir ao mestre de aritmética para mostrar como enquadrar um triângulo;

Pedir ao Messer Fazio (professor de medicina e direito em Pavia) para ensinar sobre a proporção;

Pedir ao Brera Frade (no Mosteiro Beneditino para Milão) para mostrar De Ponderibus (um texto medieval sobre mecânica);

[Fale com] Giannino, o Bombardier, sobre os meios pelos quais a torre de Ferrara é murada sem lacunas (ninguém realmente sabe o que Da Vinci quis dizer com isso);

Pergunte a Benedetto Potinari (um Mercador Florentino) de que maneira eles vão para as geleiras na Flandres;
Desenhar Milão;

Perguntar ao Maestro Antonio como os morteiros estão posicionados nos baluartes de dia ou de noite;
[Examinar] a besta de Mastro Giannetto;

Encontrar um mestre da hidráulica e pedir-lhe que ensine como consertar uma eclusa, um canal e um moinho da maneira Lombardia;

[Perguntar sobre] a medida do sol que me foi prometida pelo Maestro Giovanni Francese;

Tentar obter um Vitolone (o autor medieval de um texto sobre óptica), que está na Biblioteca de Pavia, que lida com a matemática.

Observações

Por essa lista, é possível ver como Da Vinci era curioso pelos mais variados assuntos. E também que ele era humilde o suficiente para pedir que especialistas o ensinassem sobre as coisas.

Em grande parte, a lista é dedicada à matemática e medições. O que, com certeza, ele colocou em suas obras. Da Vinci é conhecido pelo seu domínio da composição triangular em suas obras. Então não é surpresa para ninguém ver que ele se interessava em saber como enquadrar um triângulo, ou então saber mais sobre proporção.

E mesmo que na época a filosofia era a de que arte e ciência eram áreas que não se misturavam, Da Vinci quis absorver todo o conhecimento que podia. E assim ele conseguiu se expressar com seu trabalho.