Para criar uma esponja, basta adicionar ácido acético

Cientistas canadenses encontraram por acaso um tipo macio e esponjoso de carbonato de cálcio, um material que geralmente é encontrado em formas mais duras em calcário, giz, mármore e organismos como moluscos e corais.

Mexilhão

Eles estavam explorando novos usos para as cascas de mexilhões que sobraram da indústria da aquicultura na época, tentando criar uma substância menos corrosiva para remover o gelo de veículos e estradas.

Em vez disso, eles descobriram que, quando combinado com ácido acético – encontrado no vinagre branco de qualidade alimentar – as cascas formam um estranho material esponjoso branco.

Achamos que alguém estava brincando conosco, colocando pedaços de papel de filtro ou algo assim na solução, porque não se parecia com nada do que colocamos lá”, diz a pesquisadora principal Francesca Kerton, da Memorial University of Newfoundland.

“Então, retiramos parte do material e aplicamos difração de raios-X, e isso nos disse que era calcita.”

O carbonato de cálcio é geralmente extraído pela mineração e extração, ao invés de resíduos de alimentos. 

É um material extremamente versátil, utilizado em uma incrível gama de aplicações como em papel, plásticos, tintas e revestimentos; em suplementos dietéticos, pasta de dentes, vinho e fermento em pó; no tratamento de águas residuais e ração animal; e em materiais de construção, incluindo argamassa, aço e vidro.

Mas essa nova forma esponjosa pode abrir ainda mais aplicações potenciais.

Testes subsequentes por Kerton e equipe revelaram que era altamente absorvente a óleos e tintas, aumentando a esperança de que pudesse ser usado na limpeza da poluição marinha.

Eles reconhecem que a escalabilidade e o custo de fazer essa esponja limitarão essa aplicação, mas acreditam que ela pode ter um futuro nas tecnologias biomédicas.

“Estamos interessados ​​em saber se ele pode absorver drogas ou ingredientes farmacêuticos ativos ou ajudar a controlar o ácido no corpo”, diz Kerton. “A medicina biológica pode ser a área onde isso terá mais impacto.”

Em seu artigo na revista Matter, os pesquisadores observam que, à medida que a população global cresce, também aumenta a demanda por proteínas.

A aquicultura é indiscutivelmente mais sustentável do que outras fontes de proteína, mas o aumento da produção significa aumento do desperdício – por isso, é importante encontrar um uso para as cascas restantes, aliviando a pressão no aterro e contribuindo para os objetivos de uma economia circular.

“Nossos resultados demonstram como uma estrutura natural pode ser modificada de maneira sustentável para produzir um material de maior valor”, concluem os autores.

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Traduzido e editado por equipe Isto é Interessante 

Fonte: Cosmos